domingo, 23 de maio de 2010

Torre

Cantando com os pássaros.

Entre o oceano e a massa de terra,
dentro do castelo etílico de lata,
perto do mar que entra na janela.

Quem mora na torre gosta do escuro
tropeça na escada segura nos muros.

Encanta. E canta.

Acorda na corda, foge do mundo.
Abraça os laços, não sabe contar.
Enfim, adormece não quer acordar.

sábado, 22 de maio de 2010

Entre O Líquido E O Gasoso Depois Do Sólido

Andando em estado líquido
quase azul.
Enquanto líquido
pode-se vazar.
Esvaziar a caixa.

Depois o sólido,
gasoso
fumaça resinosa.
Como o incenso,
que purifica
o ar em oração
traz bons fluidos
leva o amargo.
O sólido chega,
criando nódulos
sem exageros
de teias
que fecham o ciclo
que volta ao líquido.

Derretido, vira água.
Sede de secar.
Move-se
intenso e flexível.
Sólidos
em fusão.
Muita fumaça
trocar os lugares.
Sentir o começo,
ficar aberto
receber o outro.
Uma molécula solvente
em equilíbrio dinâmico.
Não apenas físico
Entretanto, interno.

De tudo, dissolve
estados para passar,
escorre no chão.
Aquece e evapora
toda impureza
que absorve
que cerca.

Vazio do início,
para filtrar,
desde o começo
o que era pronto.

Gera o ciclo,
da ciranda,
das trocas
que levam
e trazem de volta
a armadura.

Como tudo,
na forma e estrutura
do corpo.
Do esquentar
depois chover,
nas estações
que mudam,
das células,
que renovam,
que trocam
entre maré alta,
e maré baixa.
Como tudo
que pulsa:
para protagonizar,
a própria cena.

Sobretudo
de todas as estruturas
de todas as construções.


Início infinito
reciclado em fases.
Pensando no pensar
segue o trilho
suspenso nas nuvens.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Manjar Branco Do Mar

Mar, maresia e mitologia esculpida na areia,
mar, de Janaína e sete ondas da sorte
mar, que leva a rainha africana Iemanjá
mãe, cujos filhos são peixes.

Conduz pequenos barcos de flores e velas,
mar, água de espuma salgada da praia,
Da La Virgen de la Regla e do orixá:
da sereia negra, deusa do mar.

Mar, onde pessoas vestidas de branco
no segundo dia do mês de fevereiro:
dedicam festejo a divindade do mar
levam as oferendas em procissão fluvial.

Prata, manjar, da padroeira dos náufragos
sincretismo ecumênico na orla marítima
na devoção dos pescadores...
Mar, voluntarioso músico e místico.

sábado, 8 de maio de 2010

O exercício na folha do vento

Coisas de vento sem passatempo
nem tempo,
faz uma onda de redemoinho
em espiral,
o pé-de-vento levanta a poeira,
são os torvelinhos em dias quentes,
o vento,conta segredos,
é o vento.

Meu jornal,não fuja no vento,
vamos fazer um barquinho de papel.

O vento faz movimentos
o vento bagunça o cabelo,
faz o bem e o mal.
Silencio e barulho,
o vento vira belo
dançando nas árvores
entre folhas balançando
e páginas virando.

Entre folhas balançando,
o vento, não o tornado.
Certos ventos derrubam
as moradas dos pés
e quando os lábios ressecam
e quando o calor atormenta
o vento faz um alívio
o vento refresca a testa
pairando uma calmaria.

Vento é elemento do ar.

Lembra: o vento passou na praia
o vento desenhou na areia
tirando tudo do lugar.
Assim, a paisagem mudou.
Da última vez que vi
já não estava a duna ali.
Vira tudo bem diferente
tira tudo do canto
e faz esculturas em rochas.

Daqui estou sentindo o vento
fraco, quase parado,
mas também sinto o calor:
sinto sede, sinto a seca
sinto o corpo que esquenta
e a moleza que aumenta.
Vejo a janela aberta
que conversa com a porta...

Espelhos Do Sol

Preparando uma porção
em que tudo aconteça,
todas as manhãs aconteçam,
na inflorescência.